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CARLOS POVINA CAVALCANTI
Nasceu em União dos Palmares, Estado de Alagoas, Brasil, a 14 de agosto de 1890.
Bacharel em Direito, jornalista, poeta e escritor de bela bagagem literária.
Foi deputado estadual e membro fundador da Academia Alagoana de Letras.
Exerceu o cargo de consultor Jurídico do Distrito Federal (quando era ainda o Rio de Janeiro).
Publicou: “O Acendedor de Lampiões” (ensaios); “Telhado de Vidro”; ”Ausência da Poesia”.
AVELAR, Romeu de. Coletânea de poetas alagoanos. Rio de Janeiro: Edições Minerva, 1959. 286 p. ilus. 15,5x23 cm. Exemplar encadernado. Bibl. Antonio Miranda
MINHA TERRA
Terra pobre.
Missa aos domingos,
A serra verde todo dia...
E o Mundau passando,
Águas rolando,
do amanhecer à Ave-Maria.
Roceiras simples, gente rude e boa,
Vestidinhas de chiata, bonitinhas,
presa aos cabelos uma flor à toa.
Minha casa de pobre:
Duas janelas para a rua.
O terreiro varrido
e os troveiros boêmios,
cantando em nome da lua.
A chegada do trem era a grande atração,
a festa de todos os dia
na estaçãozinha de tijolo vermelho.
Homens e coisas sem história,
mas tudo lindo, de encantar.
Os bois pastando,
as abelhas zumbindo no ar,
os vaqueiros aboiando,
o rio nas moitas a rezar...
Aves cantando,
ninhos em festa
e o povo rude ajoelhando
no altar verde da floresta.
Minha terra matuta,
uma simples paisagem:
Várzea e horizonte.
A água a correr ao pé do monte
e a tua gente,
de alma contrita, afeita à luta,
bebendo na concha da mão,
a ninfa pura da nascente...
Como eu te quero e revejo!
—A serra verde, o rio largo,
a lua muita branca e muito triste.
O casario simples de uma aldeia
num cromo do passado, tão distante!#
Mas se o olhar alongo
e a saudade me assiste
—Minha terra se alteia
e vibro pelo amor
de Minha Terra!
*
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Página publicada em junho de 2021
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